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quarta-feira, 6 de abril de 2011

1º de Abril! Dia das verdades.

Reproduzo texto publicado pelo Professor Leonardo Venicius Parreira Proto.
Retirado do blog "Limpinho e Cheiroso".
Lá, o autor, propõe que sejam lembradas outras coisas, no dia 1º de Abril.
Que sejam ditas as verdades e, não festejada a mentira.
O texto é muito interessante!
Muito bom de ser lido...
Até porque, resgata o grande Florestan Fernandes.
Buenas!

Florestan Fernandes e o 1º de abril

Leonardo Venicius Parreira Proto

Data “memorável” essa de 1° de abril, primeiro por lembrar o golpe de 1964 no Brasil e segundo por fazer parte do senso comum cotidiano como o dia da mentira. Uma coincidência a ser considerada por nós e refletida como parte de nossa condição histórica contemporânea.

Um dos sujeitos históricos a ser recuperado é a do militante e sociólogo Florestan Fernandes como um dos indivíduos combatentes do autoritarismo nesse período, não somente como um militante da perspectiva de esquerda, mas também como um pensador atuante em prol da denúncia das mazelas sociais e do regime autocrático burguês que consolidava no país sua hegemonia, tendo nos militares os agentes mais representativos dessa frente burguesa no Brasil.

Assim, o 1° de abril como dia da mentira pode con-celebrar a idéia da democracia burguesa nos países de economia dependente, confirmando a tese de Florestan a respeito do capitalismo dependente e da burguesia nacional na conformação de práticas de subordinação e estruturação do capital no Brasil nesse período.

Mentira essa, a da ideologia da segurança nacional, amplamente circulada na sociedade brasileira como falsa consciência da realidade brasileira daquele período. Basta pensarmos a idéia de segurança como atitude de violação e prática de tortura e a sua noção oposta, insegurança, vivida nas revoltas e atitudes do combate da ditadura, pois a cada palavra ou gesto de sublevação poder-se-ia ter agentes infiltrados ou mesmo delatores dentro do processo da luta política contra o regime.

A política do estado brasileiro de segurança nacional e sua consequente ideologização de perseguição à ameaça comunista nos faz repensar a questão da verdade na história. Pois, até que ponto uma idéia, uma mensagem, uma comunicação, um fato pode expressar na sua totalidade os fatos históricos?

Os apontamentos de Florestan Fernandes sobre o processo de instauração e concretização da revolução burguesa no Brasil podem nos auxiliar numa leitura mais crítica e explicativa do predomínio da dominação de classes e de sua subordinação ao capitalismo de centro. Os interesses da classe dominante brasileira associavam-se às classes dominantes das potências estrangeiras, até por garantirem com sua dependência associada à perpetuação dos mecanismos de dominação na tradição histórica do conservadorismo brasileiro.

Florestan Fernandes em sua condição de sociólogo militante, assim como outros/as sujeitos/as históricos/as na práxis política contra o domínio do capital fez da luta de classes um instrumento de suas assertivas teóricas de interpretação e publicização de suas idéias, acreditando que a verdade histórica estava baseada na realidade material e concreta dos indivíduos e não nos discursos ideológicos do movimento político de repressão aos sujeitos que sublevassem a ordem e o progresso. A partir de 1968, com AI-5 é que a situação do sociólogo Florestan (e de tantos/as outros/as) se complicará, sendo aposentado pelos militares e forçado a se exilar do País.

É essa realidade histórica, dirigida pelos militares de forma impiedosa e autoritária e da qual Florestan Fernandes participou é que nos permite escrever essas poucas palavras para rememorar o 1° de abril como uma data “in-esquecível” para todos/as nós desse chão brasileiro, e percebermos alguns testemunhos de experiências e escritos combativos na contramão das tentativas de esquecimento da nossa memória política imposta até hoje por aqueles/as que se beneficiam da estruturação da hegemonia burguesa no Brasil.

Façamos do 1° de abril uma data para reforçar nossa luta contra nossos algozes opressores, muito bem localizados nas classes dominantes. Reunamos forças e nos auto-organizemos para na perspectiva política da coletividade dissipar essas forças de dominação e construirmos uma sociedade autogerida por nós mesmos. Chamemos assim nossa responsabilidade histórica com a verdade e tenhamos como referência de luta, por exemplo, Florestan Fernandes.

Leonardo Venicius Parreira Proto é bacharel licenciado em História pela PUC-GO e mestrando em História pela UFG com bolsa da Capes.

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